A primeira vez que me vi como mãe não foi no “positivo” no teste de gravidez, ou quando segurei a minha filha no colo, assim como acontece com muitas outras mães…
Eu tinha 16 semanas de gestação, quando a médica me informou que eu carregava no ventre uma menina. Mas com essa felicidade veio a notícia mais apavorante de toda a minha vida: os ventrículos do cérebro da minha filha estavam dilatados.
A ventriculomegalia fetal é uma condição em que os ventrículos cerebrais do feto estão dilatados, ou seja, aumentados de tamanho. Isso geralmente é detectado por meio de exames de ultrassom durante a gestação. Essa condição pode ser causada por uma obstrução no fluxo de líquido cefalorraquidiano, por problemas no desenvolvimento do cérebro do feto ou por outras condições médicas subjacentes.
E aí comecei a me sentir mãe, tive que ser forte e encarar diversos exames por ela, muitos deles invasivos. Foram inúmeros diagnósticos difíceis que foram descartados ao longo da gravidez, até que ficamos com o pré diagnóstico de Hidrocefalia congênita e ausência de parte do Corpo Caloso do cérebro.
A hidrocefalia é uma condição médica caracterizada pelo acúmulo excessivo de líquido cefalorraquidiano no cérebro, levando ao aumento da pressão intracraniana e consequentes danos ao tecido cerebral. E por conta disso os médicos não nos sabiam informar como ela nasceria, quais sequelas poderia ficar dessa condição.
Já o corpo caloso é uma estrutura localizada no cérebro que conecta os dois hemisférios cerebrais. Ele é composto por fibras nervosas que permitem a comunicação e a transferência de informações entre o lado esquerdo e o lado direito do cérebro. Essa estrutura desempenha um papel importante na integração das funções cognitivas, sensoriais e motoras dos dois hemisférios cerebrais.
O tratamento da hidrocefalia geralmente envolve cirurgia para drenar o excesso de líquido e aliviar a pressão no cérebro. Mas a Lia nunca precisou de uma intervenção cirúrgica.
Aos 4 meses de idade Lia começou o acompanhamento preventivo na Casa da Esperança de Santos. Passou por uma equipe multidisciplinar que a atendeu durante 3 anos.
Cada objetivo que ela alcançava era uma vitória para mim! Foram muitas terapias, choros e dias cansativos. Me larguei muitas vezes para me dedicar a ela. Mas nunca perdi a esperança.
Ao longo dessa minha jornada conheci histórias de mães que passavam muitas dificuldades semelhantes às minhas e muitas vezes até mais complicadas.
Vi mães sem autoestima, sem brilho no olhar, com um cansaço imenso, mas com o coração repleto de amor e dedicação. Então nasceu em mim uma vontade de fazer um projeto para valorizar essas mães guerreiras, para ajudar a Casa que tanto me acolheu e para mostrar ao mundo essas crianças maravilhosas, que são as nossas vidas!
Lia teve alta da Casa da Esperança e hoje segue sua vida da melhor maneira possível, sem nenhuma sequela e com muita vontade de viver.
Eu nunca pensei que fosse conseguir um dia transformar a minha dor, eu nunca pensei que fosse possível conseguir um dia contar a minha história. Era difícil demais falar. Mas agora meu coração está pronto!
E eu, que sou fotógrafa e formada em audiovisual, estou tendo a oportunidade de contar a minha história e a de outras mães maravilhosas.
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